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Shopyard Summer School encerra com propostas para reimaginar os centros comerciais de Braga

A Shopyard Summer School reuniu em Braga, entre 18 e 25 de Julho, 30 estudantes de arquitetura de 17 países, para uma semana intensiva de investigação, criação e debate sobre o futuro dos centros comerciais de primeira geração.

Durante sete dias, os participantes trabalharam sob a orientação de três ateliers europeus com práticas críticas em regeneração urbana — OUEST (Bélgica), BUREAU (Suíça/Portugal) e OITOO (Portugal) — focando-se em três edifícios centrais da cidade: o Shopping Santa Cruz, o Centro Comercial Santa Bárbara e o Centro Comercial Galécia. Através de observação direta, entrevistas com lojistas, mapeamentos, escrita crítica e desenho especulativo, os estudantes mergulharam nas dinâmicas sociais e espaciais destes edifícios, muitos deles hoje subutilizados. Os primeiros resultados foram apresentados publicamente num percurso final pelos três centros e serão aprofundados para uma exposição final em novembro, no âmbito do projeto Shopyard.

O grupo orientado pelos OUEST Architecture, a trabalhar no Centro Comercial Galécia, adoptou uma abordagem imersiva e sensível, observando a complexa rede de relações sociais e culturais já presente no edifício. A partir de visitas ao auditório encerrado, entrevistas com lojistas e mapeamentos colaborativos, imaginaram o Galécia como um centro coletivo, com pequenas intervenções espaciais capazes de reactivar os espaços em desuso e devolver centralidade ao edifício no contexto urbano onde se insere.

A equipa dos BUREAU, no Centro Comercial Santa Bárbara, desenvolveu um trabalho especulativo a partir do imaginário da cópia, da repetição e da ficção. Inspirados nas lojas de fotocópias do centro e no seu piso subterrâneo, criaram uma proposta cenográfica que transforma uma loja devoluta num espaço de encontro interespécies, onde a arquitectura serve como linguagem de mediação e imaginação. A instalação numa loja desocupada demonstra como intervenções artísticas em espaços improváveis podem ser veículo de ativação e valorização urbana.

Partindo da premissa de que demolir não é uma opção, o grupo orientado pelos OITOO propôs a transformação do Shopping Santa Cruz numa infraestrutura habitacional cooperativa, capaz de acolher formas acessíveis de coabitação urbana. Através do estudo das circulações, atmosferas e possibilidades espaciais, imaginaram novos usos partilhados, como cozinhas comuns, oficinas ou hortas urbanas nas coberturas — reconhecendo a regeneração urbana como resposta a desafios da cidade contemporânea.

Paralelamente ao trabalho de campo, a Shopyard Summer School desenvolveu um programa público diário com atividades abertas à comunidade. No sábado, 19 de julho, realizou-se a Assembleia Shopyard, com a participação da antropóloga Ana Catarino, da investigadora Janina Gosseye (TU Delft) e do crítico de design Frederico Duarte, que colocaram os centros comerciais de Braga em diálogo com casos nacionais e internacionais, discutindo os seus passados, presentes e possíveis futuros.

Durante a semana, cada um dos três ateliers orientou ainda sessões públicas de apresentação e debate, partilhando as suas metodologias e visões com os participantes e o público local, na loja 33 do Shopping Santa Cruz — a sede do Shopyard.

A Shopyard Summer School integra o projeto Shopyard, curado pelos Space Transcribers no âmbito de Braga 25 Capital Portuguesa da Cultura, que propõe reimaginar os centros comerciais de primeira geração como laboratórios urbanos e culturais, abertos a novas formas de uso, encontro e experimentação.