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A Capital Portuguesa da Cultura convida o público a Desejar

Entre 10 e 14 de junho, o Desejar: movimento artístico e comunitário celebra o poder da imaginação coletiva em Braga.

Integrado na Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura, o Desejar – Movimento de Artes e Lugares Comuns é um movimento artístico e comunitário que questiona a fragilidade do desejo nas sociedades atuais. Promovendo a imaginação de novos futuros através da arte participativa, ao longo de quatro dias são apresentadas 13 criações originais que envolvem 800 cidadãos e 60 artistas. Sob direção artística de Hugo Cruz, este festival-experiência une vida e arte, celebra a democracia cultural e convida todos a desejar e criar coletivamente. A programação do Desejar é toda de acesso gratuito, sendo que algumas atividades implicam inscrição.

A abertura deste festival que não é um festival é marcada pela criação que junta a coreógrafa americana Allison Orr aos trabalhadores da recolha de lixo da empresa municipal da Agere e ao coletivo local Plataforma do Pandemónio. No palco de 85 755 t. cruzam-se humanos e máquinas, num espetáculo que encena as rotinas diárias destes trabalhadores e sublinha o caráter essencial do seu trabalho.

Ao longo dos quatro dias, instala-se junto ao Mercado Municipal de Braga o Palco Assembleia, onde se abre e encerra cada dia de programação. O espaço – desenvolvido a partir de um trabalho do Coletivo Til com cidadãos e cidadãs de Braga – recebe a programação pensada pelos membros da Assembleia do Desejar. Uma mão cheia de propostas onde se descobre a colaboração da rapper lisboeta Mynda Guevara e um grupo de jovens de Braga; o Coro Todas as Vozes; uma peça de teatro de jornal intitulada A Cena das Notícias, e um espetáculo de cruzamento entre música e poesia com o nome Movimento Fala Solta.

Será também nesta Assembleia em Estaleiro que se realizam os encontros da Academia, que juntarão um grupo de organizações e coletivos locais, nacionais e internacionais que tem como foco da sua ação as artes participativas e comunitárias. 
A destacar ainda as duas conversas abertas à comunidade. “Direitos Culturais: uma política pública para (re)imaginar futuros” com Jazmín Beirak, Diretora-Geral dos Direitos Culturais do Governo de Espanha, a 10 de junho, pelas 15:30. Já a dia 12 de junho, pelas 14:00, a ativista e  anarcofeminista boliviana María Galindo debruça-se sobre a pergunta: “Como tirar do adormecimento o desejo de fazer revolução?”.. Esta conversa será seguida da exibição de Revolución Puta, um filme realizado pela própria sobre as narrativas associadas ao trabalho sexual,  apresentado pela primeira vez em Braga depois de ter integrado a programação da Bienal de Veneza 2024.

Ao longo da semana, Este Rio – uma criação do coletivo Guarda-Rios – olha o lugar essencial do Rio Este na cidade de Braga; Bloom&Doom – Manifestações Poéticas, de Caterina Moroni, propõe-nos uma visita guiada por uma cidade imaginada e sentida pelas gerações do futuro; e Percursos Afetivos, de Cadu Cinelli, desafia a um passeio de bicicleta pelas histórias invisíveis da cidade.

Em estreia absoluta apresentam-se ainda Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no universo, uma criação da Terceira Pessoa com Neiva Maria de Almeida e cidadãs e cidadãos de Braga e Morada Aberta, uma vídeo-performance de Tânia Dinis. A dia 13 de junho, uma nota para o lançamento de dois objetos artísticos baseados no processo de Desejar. Os Cadernos do Desejar, uma publicação desenvolvida por Cláudia Galhós que acompanha, em papel, toda a respiração do projeto; e Desejantes, um documentário de Joana Jorge sobre a construção do movimento.

A encerrar o programa performativo, Golpe de Asa, uma criação de Sílvio Vieira e intérpretes de Braga, que questiona a tensão entre a cidade, a sua tradição histórica e os corpos e identidades que nela habitam, muitos dos quais de forma periférica e invisível. Um espetáculo que convoca intérpretes LGBTQIA+ residentes em Braga, dando forma ao conjunto de inquietações levantadas durante as Assembleias do Desejar.

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