A Academia do Desejar: Rodas de Conhecimentos é um dos eixos do projeto Desejar – Movimento de Artes e Lugares Comuns. Pretende gerar trocas de conhecimentos entre e com diferentes agentes culturais, sociais, educativos e ambientais de Braga, bem como pessoas ligadas a áreas e temáticas identificadas como relevantes por estes agentes, que serão convidadas a participar nesta Academia.

 

PRÓXIMA RODA DE CONHECIMENTOS

  • 22, 23 de Novembro de 2024

Desejamos trabalhar em rede? As parcerias como imperativo para enfrentar os desafios atuais

Ativador: Rogério Roque Amaro

Convidados: Carlos Videira (Administrador Executivo da BragaHabit) e António Araújo (Presidente da Associação de Moradores das Enguardas e do Sporting Clube Leões das Enguardas)

Horário:

22 de Novembro – 18h às 21h

23 de Novembro – 10h às 13h e 14h às 18h

Local: Sede do Sporting Clube Leões das Enguardas

INSCRIÇÃO

Gratuito, mediante inscrição em formulário disponível aqui

Número de participantes: 15 pessoas

SINOPSE

A próxima Roda de Conhecimentos pretende fazer reflectir sobre as exigências dos desafios actuais e a importância de, cada vez mais, trabalharmos de forma colaborativa, fazendo cruzar protagonistas de diferentes áreas da sociedade, com particular foco no trabalho em rede entre agentes culturais, artísticos, sociais, educativos e ambientais.

Pensaremos juntos sobre quais são os principais desafios de um trabalho em rede, conhecendo princípios, orientações e principais vantagens. Quais os melhores modelos e que diferenças há entre eles? Parceria, trabalho em rede, trabalho colaborativo ou cooperação? Por que é que devemos trabalhar em parceria? Quais são as vantagens? O que lucramos?

Reflectiremos ainda sobre modos de ultrapassar preconceitos que possam vir a minar este trabalho , partilhando projectos e metodologias exemplares neste âmbito. No final, abriremos possibilidades para o aqui e o agora, respondendo ao que podemos e a quem devemos convocar neste modelo colaborativo de trabalho.

Esta Roda de Conhecimentos será ativada por Rogério Roque Amaro, professor, investigador e profundo conhecedor da importância, e dos desafios, do trabalho em parceria. Contaremos ainda com a partilha de Carlos Videira, administrador executivo da BragaHabit e com António Araújo, presidente da Associação de Moradores das Enguardas. Seremos, juntos, mais fortes?

BIOGRAFIA DO ATIVADOR ROGÉRIO ROQUE AMARO 

Economista, doutorado em “Analyse et planification du développement”, em 1980, pela Université des Sciences Sociales II de Grenoble (França). Actualmente é Professor Associado Jubilado do ISCTE, no Departamento de Economia Política, tendo leccionado nas licenciaturas de Economia, Sociologia, Antropologia e Gestão de Empresas, nos mestrados de “Estudos Africanos”, “Gestão de Recursos Humanos”, “Sociologia” e “Desenho Urbano”, e nos mestrados de “Estudos de Desenvolvimento” e “Economia Social e Solidária”, de que foi fundador. Lecciona ainda nas Pós-Graduações em Economia Social e Solidária e em Desenvolvimento Comunitário, do IPPS – Instituto de Políticas Públicas e Sociais, do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, de que é coordenador. É investigador no Centro de Estudos Internacionais, CEI-IUL. É consultor do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), da OIT (Organização Internacional do Trabalho) para as áreas de Desenvolvimento e Economia Social e Solidária e foi do Governo Regional dos Açores – Instituto de Acção Social (Programa INTERREG). É actualmente Presidente do Conselho Científico e sócio fundador do Centro de Estudos de Economia Solidária do Atlântico (Ponta Delgada) e Director da Revista de Economia Solidária. Participou em projectos internacionais, nomeadamente: STEP/Portugal – OIT, como Consultor; CEESA (Centro de estudos de Economia Solidária do Atlântico), envolvendo Açores, Cabo Verde, Canárias e Madeira, como Presidente da Comissão Instaladora; Capacitação das ONG ́s de Cabo Verde; Curso de Intervenção Social em Moçambique e Guiné-Bissau; Desenvolvimento Comunitário nos Bairros de Bissau; Projecto “Former Sans Exclure” – ESAN; Vários Projectos do Programa EQUAL (Transnacionais). Fundador do CIDEC – Centro Interdisciplinar de Estudos Económicos; Fundador e Sócio da CESO – Cooperativa, Economia e Sociedade; Fundador do DINÂMIA – Centro de Estudos para a Mudança Socioeconómica (ISCTE); Fundador e Presidente da Direcção da PROACT – Unidade de Investigação e Apoio Técnico ao Desenvolvimento Local, à Valorização do Ambiente e à Luta contra a Exclusão Social (ISCTE); Coordenador do Projecto de Luta Contra a Pobreza “PRÍNCIPES DO NADA” (Carnide); Coordenador de vários projectos de investigação e investigação-acção; Presidente da Assembleia-Geral e da Direcção da ANIMAR (Rede de Associações de Desenvolvimento Local em Portugal). Foi co-fundador e pertenceu ao Conselho Consultivo da RIPESS – Rede Intercontinental de Promoção da Economia Social e Solidária e à RIUESS – Rede Inter-Universitária da Economia Social e Solidária. Fundador da RedPES – Rede Portuguesa de Economia Solidária. Membro da Comissão Executiva da Rede Lusófona de Desenvolvimento e Economia Social e Solidária. Fundador e actualmente presidente da direcção da GLOCALDECIDE – Associação para a Democracia, a Cidadania e o Desenvolvimento Co-fundador, em Dezembro de 2021, da Pluriversidade Comunitária.

 

RODAS DE CONHECIMENTOS ANTERIORES

  • 29, 30 e 31 de Outubro de 2024

O Paraíso é Aqui? Arte e Espaço Público

Artistas-ativadores: Catarina Lacerda e Rodrigo Malvar

Convidados: Helena Pires (CECS/UM e co-coordenadora da Plataforma A Passeio) e José Manuel Lourenço (Motorista transportes públicos)

Horário:

29 de Outubro – 18h às 21h00

30 de Outubro – 18h às 21h00

31 de Outubro – 18h às 22h00

SINOPSE:

A partir da experiência concreta de Catarina Lacerda e Rodrigo Malvar no desenvolvimento de processos artísticos no e com o espaço público, abriremos práticas, discussões e imaginários futuros para uma outra cidade performativa. Tendo como mote a pergunta “O Paraíso é aqui?” auscultaremos três lugares da cidade de Braga – um Jardim, um espaço desvitalizado e o centro urbano da cidade. Corpo a corpo com o território, iniciaremos um diálogo sensível sobre a vida que vivemos e desejamos: Que poéticas e relações são despertadas por um espaço verde a céu aberto? Poderão os espaços periféricos e desvitalizados da cidade reanimar-nos para a urgência da vida em comum? São os fluxos diários que ditam a nossa pulsação ou é a nossa pulsação que dita os fluxos diários? Com este desafio, geramos uma oportunidade conjunta para olhar e escutar o espaço público, colocando-o em perspectiva com projectos desenvolvidos e implementados pelo Teatro do Frio nos últimos 5 anos, ativando perspetivas especulativas tanto em termos da cidade que desejamos como de outros formatos performativos capazes de dar resposta a esse desejo.

BIOS DOS ARTISTAS ATIVADORES

Catarina Lacerda

É atriz e compõe teatralmente para cena. Licenciada em Estudos Teatrais pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), com distinção pelo prémio Eng.º Antº Almeida, é Professora Especialista de reconhecida experiência e competência profissional (CTC da ESMAE/IPP) e professora de movimento e interpretação na ESMAE.
Cofundadora e codiretora artística do Teatro do Frio, lugar a partir do qual pesquisa relações entre interpretação, escrita e encenação, concebeu e dirigiu artisticamente várias criações de carácter pluridisciplinar e desenvolve desde 2020 o projeto editorial Toponímia.
Em cinema, destaca a colaboração com André G. Mata/O Pátio do Carrasco (2023), João M. Ferreira/Viveiros (2021), Pedro F. Marques/O Lugar Que Ocupas (2016) e António Ferreira/Deus Não Quis (2007).

Rodrigo Malvar

Mestre em Criação Artística Contemporânea pela UA, curso de Interpretação na ESMAE. Destaca o trabalho com Jean Phillipe Vassal, Kristin Linklater, David Abram e Grzegorz Bral.
É performer, artista sonoro e codiretor Artístico do Teatro do Frio, onde aprofunda desde 2013 o conceito de drama sonoro na relação entre composição e dramaturgia. Docente na ESMAE onde desenvolve a pesquisa entre corpo-voz-mente-emoção desde 2013.
Tem desenvolvido e sistematizado processos e espetáculos de participação, colaboração e mediação em parceria com a Culturgest, com o Festival Materiais Diversos e na co-direção artística do projecto AZEVEDO.

Em 2020 inicia curadoria colaborativa do Pólo da Pasteleira no âmbito do Cultura em Expansão – CMP.

 

  • 5 e 6 de Julho de 2024

Cultivar processos de criação coletiva

Artista-ativador: Francis Wilker

Convidado: Luís Fernandes (Diretor Artístico do Theatro Circo e Músico)

Horário:

Sexta-feira, dia 5: 17h30 às 20h30

Sábado, dia 6: 10h às 13h + 14h às 17h

Limite participantes: 15

Local: gnration – sala de formações

Nesta primeira Roda de Conhecimento vamos apresentar e experimentar alguns dispositivos para estimular processos de criação coletiva, na perspetiva de valorizar as singularidades, habilidades, os diferentes percursos de vida e pontos de vista das pessoas participantes, com vista à composição de criações artísticas originais. Esta proposta orienta-se com base em dois fluxos complementares:

1) fazer emergir materiais

2) compor com os materiais criados

Nas sessões serão propostos alguns vetores de ativação junto a grupos, como: tocar o espaço; escavar memórias; imagem poética; diálogos improváveis; percorrer a paisagem. Na dimensão da composição, serão experimentados procedimentos como: simultaneidade; justaposição e colagem como possibilidades para criar roteiros, sequências e percursos na elaboração de propostas artísticas a serem partilhadas.

Bio do artista-ativador

Francis Wilker é um artista da cena, diretor, pesquisador e curador. Professor do curso de licenciatura em Teatro e do Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará. Doutor e Mestre em Artes pelo programa de pós-graduação em Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde desenvolveu pesquisas sobre encenação no espaço urbano e a noção de encenação-paisagem. É um dos fundadores do grupo brasiliense Teatro do Concreto, com o qual encenou, entre outros, Diário do Maldito (2006), Ruas Abertas (2008), Entrepartidas (2010), Festa de Inauguração (2019), numa pesquisa continuada envolvendo processos de criação colaborativos e o interesse pela relação entre cena, site specific e paisagem. No âmbito do seu trabalho artístico-pedagógico, já desenvolveu também projetos de criação cênica junto a escolas públicas e associação de apoio a dependentes químicos em Brasília. Como curador, colaborou com os seguintes festivais: Festival Internacional de Teatro de Brasília – Cena Contemporânea (DF); Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia -FIAC-BA (BA), Festival Nordestino de Tetro de Guaramiranga (CE) e a MITbr Plataforma de Internacionalização das artes cênicas brasileiras que integra a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp). É autor do livro Encenação no Espaço Urbano (Editora Horizonte, 2018). Em 2022, foi artista convidado para residência artística no espaço Central Elétrica (Porto), em projeto com financiamento do Programa Iberescena e criou o solo Difrúcio, numa pesquisa sobre memórias do corpo e do espaço. Em 2022, criou em parceria com Verônica Veloso e Glauber Coradesqui o trabalho Walkshop Paris, realizado num congresso de Teatro em Paris e que se configurou como uma caminhada performativa pela cidade.

  • 5 e 6 de Outubro de 2024

Como desejar ainda? Arte e Transição Ecológica

Ativadora: Clara Antunes

Convidada: Anabela Carvalho (Universidade do Minho)

Horário:

5 de Outubro – 10h às 19h

6 de Outubro – 10h às 13h

Local: Ludoteca, Parque da Ponte – Braga

SINOPSE:

Como desejar ainda, num mundo hipersaturado de ecologias em colapso?

Vivemos hoje o desejo de progresso dos nossos antepassados modernistas – o desejo de quem nos antecedeu, portanto. Hipernormalizou-se um entendimento cartesiano do mundo, mediante o qual a cultura detém agência absoluta sobre a natureza e a humanidade impera, na convicção que tornar mais do mundo disponível, atingível e acessível configura a boa vida.

A crise climática e ecológica apresentam, contudo, uma dissonância concreta a esta concepção antropocêntrica: não estamos livres das nossas circunstâncias materiais. Os desequilíbrios impostos ao Sistema Planetário da Terra pairam como um “hiperobjecto” (Morton 2013) e antecipam o colapso – um novo fim que antecede outros devires. O que nos inibe, psicológica e culturalmente, de enfrentar as crises multidimensionais que a emergência climática traz à nossa perpepção?

Com base no estudo “Prospecting Otherwise: stirring culture’s role in tackling the climate emergency”, questiono-me: pode a experiência artística gerar outros modos de conhecimento e construção de sentido face ao colapso? Que papel lhe cumpre numa mudança radical de paradigmas culturais que permita perspectivar outro devir, desenhando novas orientações e éticas “ecocêntricas” alternativas?

Diz-nos o filósofo Báyò Akómoláfé numa palestra recente: “A ética é o mundo no seu devir erótico, o mundo à procura, ofegante, orgásmico, constantemente a tornar-se ele próprio de uma forma aberta; é como as coisas se materializam, num universo processual, em fluxo.” É imperativo procurar outras éticas de relação com o mundo, que assumam a interdependência e a ontologia impermanente das coisas, abrindo espaço para a emergência de novas relações de reciprocidade – modos de operar ecológicos.

Proponho-me experimentar convosco, em dois dias (que num entendimento não linear do tempo podem até configurar uma vida), outras práticas ecológicas e estéticas de relação e apreensão sensível, ou quiçá sensitiva. Esta formação exploratória desenvolver-se-á em quatro movimentos:

  • Sintonização: práticas contemplativas/criação de um clima de atenção
  • Ficar-com: conceitos fundacionais e discussão
  • Sentir-pensar: práticas de incorporação de sentido
  • Perspectivar outro devir: pensar e operar em coletivo

Mover-nos-emos, a passos incertos, pelo lodo, por caminhos íngremes e perigosos – assumindo a possibilidade da queda, ou do erro, como acto generativo e político – mas deixaremos também escorregar o corpo para lagoas tépidas e cristinalinas, abandonando-nos ao prazer de simplesmente estar em presença. Não antevemos o que desejar. Sabemos, no entanto, que fazer emergir o desejo – condição para a constituição de mundos – implica deixar para trás uma ideia afirmativa do destino e antes acolher, em conjunto, o inesperado.

ATIVADORA:

Clara Mealha Antunes (n. Lisboa, 1988)

Gestora cultural, licenciada em Arquitectura (FA-UTL), pós-graduada em Programação e Gestão Cultural (Universidade Lusófona) e Mestre em Estudos Culturais (FCH-UCP), cuja área de interesse e investigação trata o papel da cultura e da experiência artística na mudança de paradigmas culturais face à crise ecológica e climática. Tem vindo a trabalhar na produção, assistência à programação artística com as comunidades, comunicação e gestão de projectos culturais com várias estruturas e artistas independentes desde 2010, entre eles: Vo’Arte; Jonas&Lander; Materiais Diversos; Madalena Victorino e Giacomo Scalisi (Festival TODOS, Lavrar o Mar, etc.); Rua das Gaivotas 6/Teatro Praga; Ponte 9 Plataforma Criativa/Open House Macau; Formiga Atómica, entre outros. Assume, desde 2021, gestão do projecto europeu “Stronger Peripheries: A Southern Coalition”, na Artemrede. Co-criou, em conjunto com o coreógrafo Ricardo Machado, a palestra performativa sobre alterações climáticas Take a Stand (2019-).