Não há grades, mas há muros, não há chicote, mas há norma, não há corrente, mas há fronteira. E no entanto, os corpos movem-se, os olhos perscrutam, as mãos criam. Em Braga, onde as pedras contam várias histórias, um grupo reúne-se para refletir e refazer o mundo à sua maneira. Não pedem licença, não esperam autorização, fazem. Novas geografias, linhas que já não delimitam, mas libertam. Os contos, lidos em voz alta, ecoam como quem se recorda de algo que sempre soube, mas que lhe ensinaram a esquecer.
Chamaram de doença o desejo de partir, deram-lhe nome, diagnóstico e cura. Mas agora, Neo-Drapetomania já não é fuga: é avanço, é construção, é futuro. Assim, como um mosaico de expressões, um convite à contemplação e ao questionamento, uma viagem pelas veredas da arte e da história.
Diogo «Gazella» Carvalho (Lisboa, 1997) é artista multidisciplinar e co‑fundador do coletivo Unidigrazz, crescido na Linha de Sintra. Apresentou obras no MAAT, MUSA, Padrão dos Descobrimentos, Iminente e Mar Motto, cruzando cinema, teatro, muralismo e fotografia. Assina o mural “L’Oeillet, Fleur de la Révolution” (Marselha, 2024) e integra uma série ficcional RTP com estreia em 2025. A sua prática centra‑se na justiça social e na amplificação de vozes periféricas através de narrativas visuais.