Todos os dias, o seu pai escrevia no seu caderno para preparar este texto sobre as suas experiências enquanto doente terminal. Tanto Tiago como o pai sabiam que este seria o seu último artigo.
Após o falecimento do pai, Tiago Rodrigues abriu o caderno. Continha apenas algumas linhas e pontos, alguns rabiscos, como desenhos abstratos de uma criança. Agora, Tiago Rodrigues pretende imaginar as páginas não escritas da última obra do seu pai. Misturando memórias, canções ou fragmentos dos escritos do pai, constrói um espetáculo que pretende ser uma pequena vitória sobre a morte.
Nesta peça, cada cena é uma variação lúdica do tema da despedida. O palco forma uma paisagem surrealista onde as camas de hospital deslizam sobre um mar gelado, como metáfora para o tumulto da vida. A música e a poesia são a gramática de um teatro que encontra motivos de alegria mesmo nas histórias mais tristes.
Diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II entre 2015 e 2021, Tiago Rodrigues é, atualmente, diretor do Festival de Avignon. Conhecido pela sua dramaturgia, que quebra barreiras entre o teatro e múltiplas realidades, e pelo seu trabalho enquanto encenador, conta no seu repertório com peças como By Heart, Catarina e a Beleza de Matar Fascistas e Hécube, pas Hécube, entre outras.