A performance parte de um processo de captação e amplificação: corpos performativos em contacto direto com três dispositivos hidráulicos presentes na Fonte do Atlas (ou Fonte do Mundo): a fonte, a linha e o tanque. A partir deste contacto, emerge matéria vibratória, respiração e pulsação: uma rave construída com presença, corpo e, sobretudo com a água não apenas como elemento natural, mas como agente de transformação.
A fonte é habitada pela figura mitológica do Atlas. Neste ritual contemporâneo, esse corpo mítico é reativado: já não carrega apenas o globo, mas um planeta saturado de tensões ecológicas, sociais, urbanas e corporais. O seu peso é líquido. Aqui, a água ocupa o centro, como vetor político e sensorial, meio de transformação, contágio e sobrevivência. HIDRORAVE não é celebração nem fuga: é estado-limite. Um corpo em transição, em osmose com o ambiente. À medida que transpira, o corpo dissolve-se; torna-se poroso, coletivo, instável.
A performance resulta de um processo colaborativo com participantes de uma oficina prévia orientada pelos artistas, na qual se explorarão práticas performativas, som ao vivo e luz como meios de expressão sensorial e artística.