O projeto O que fazemos com isto? teve início em 2024 e acompanhou um grupo de jovens com ligação a Braga ou países de língua oficial portuguesa que, ao lado de artistas de diferentes áreas, pensadores, investigadores, ativistas e pessoas locais com diferentes vivências, refletiram sobre o passado colonial português.
Um dos artistas convidados a trabalhar objetos textuais e artísticos junto deste grupo de jovens foi o escritor angolano Ondjaki, que foi acompanhando o processo de construção de contos através de sessões virtuais e até numa sessão intensiva de um fim de semana, em Braga, no ano passado.
Os contos foram trabalhados para dois momentos das apresentações do ciclo O que fazemos com isto? — em forma de livro, intitulado de Tudo isto é futuro e ainda para a performance Peça-Con(ser)to. O ciclo arranca a 20 de novembro e estende-se até 21 de novembro, no gnration.
Braga 25 — Fizeste várias sessões (online e um fim de semana intensivo) com o grupo de participantes do projeto O que fazemos com isto?. Qual foi o teu papel junto destes jovens?
Ondjaki — Creio que criámos uma dinâmica boa de debate, de busca criativa, para fazer alguma ligação entre o que nos toca (neste tema) e aquilo que viria a ser o resultado literário. Isto é, um conjunto de contos que partisse dessa frase-provocação. O meu papel foi o de instigar, provocar e acompanhar.
Braga 25 — Sem revelar ainda demasiado o que podemos esperar do livro de contos, que aspetos destacarias dos textos escritos por estes participantes?
Ondjaki — O resultado é um livro de contos com muita diversidade, em relação aos conteúdos e em relação à extensão dos contos. Alguns contos irão mais para um campo ficcional, criativo, outros abordam questões mais internas e singulares. O que podemos esperar é um conjunto de visões literárias sobre uma abordagem que oscila entre o histórico e o pessoal.
Braga 25 — Com o projeto na rota final, que balanço fazes dos testemunhos que foste ouvindo e co-construindo?
Ondjaki — Creio que o mais importante foi testemunhar um caminho, interno, onde cada um se permitiu analisar algumas questões suas, mas também históricas, e descobrir esse caminho que é sempre muito específico onde as nossas vidas, ou as vidas dos outros, podem desembocar num conto que na sua essência é literário. Mais do que apenas uma experiência literária, espero que tenha sido uma experiência humana rica para todos nós. Por vezes, o resultado está para além do que vemos ou lemos. Assim espero.
O programa completo deste ciclo pode ser conhecido através desta ligação.