Um dos destaques recai sobre a estreia de Tolentino de Mendonça com um texto para teatro, uma encomenda do Município de Braga no contexto da Braga 25 Capital Portuguesa da Cultura. Em trabalho com o encenador John Romão e o ator Albano Jerónimo, o poeta e teólogo português apresenta a peça “Sala de jantar” a 15 de novembro, no Espaço Vita.
Com estreia na Capela Imaculada, o texto dá corpo a uma reflexão sobre a alimentação como ato de relação e revelação. Cruzando autobiografia e filosofia, esta proposta teatral convida a questionar as perceções e a desafiar as aparências, num tempo contemporâneo marcado pela saturação de imagens. Albano Jerónimo apresenta-se, assim, como um homem atormentado pela memória, pelo desejo e pela sede de transcendência.
Para além deste marco, o primeiro dia de festival contará com a presença do vencedor do Prémio Nobel da Literatura 2021, Abdulrazak Gurnah. O autor premiado volta a marcar presença no dia seguinte, a 15 de novembro, para uma sessão conjunta com o consagrado escritor moçambicano Mia Couto, recentemente distinguido com o Prémio PEN/Nabokov 2025 para Literatura Internacional, tornando-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber este galardão.
Já no diálogo entre a literatura e a música, o destaque vai para a sessão “Letras de Canções”, a 23 de novembro, protagonizada pelo cantor Dino D’Santiago — um dos porta-vozes do arranque oficial da Capital Portuguesa em janeiro — e o escritor D. H. Machado.
A 22 de novembro, também Ricardo Araújo Pereira e Frederico Lourenço, ensaísta, poeta e professor de Estudos Clássicos, apresentam o livro “Bíblia VI”, numa conversa descontraída onde a religião se cruza com os limites do humor. Antes disso, a 16 de novembro, o Auditório do Espaço Vita acolhe a estreia da peça “Ponto de Fuga”, criada pelo músico e maestro Martim Sousa Tavares, numa proposta que cruza a música, a palavra e o movimento.
Para encerrar o festival com humor, numa união entre a literatura e o cinema, o Utopia acolhe, pela primeira vez, a projeção de uma peça cinematográfica, exibindo o documentário “Uma Nêspera no Cu”, realizado por Gabriela Soares e inspirado no espetáculo de comédia homónimo de Bruno Nogueira, Nuno Markl e Filipe Melo.
A programação conta ainda com uma forte aposta no público infantil, onde os mais novos poderão desfrutar de histórias, oficinas e leituras cantadas.
O programa completo do Utopia pode ser conhecido através do site do festival.